28 de agosto de 2008

um quarto à meia luz

tinha algo estranho pairando no ar naquela tarde, cara. um dia cinzento como qualquer outro dia nublado e as duas encolhidas jogadas pelos cantos daquele quarto. palavras vazias voavam de uma à outra causando-lhes espasmos. escondiam seus corpos maculados debaixo de fantasias transparentes. sabiam de tudo e não queriam saber de nada. a atmosfera cinzenta alternava solidez e ausência. solidez e ausência. elas estavam enlouquecendo. o silêncio instalou-se no quarto e por lá permaneceu uns quinze minutos, sentiram décadas se arrastando a passar, depravando suas mentes castas. queria urrar. quebrar aquele muro de vidro que as separava. a outra foi mais rápida: desista, baby, a porra desse amor lésbico vai devorar nossas entranhas. a partir de então não via mais uma carne branca desconhecida desmaiada numa aresta qualquer daquelas paredes. ela era a sua imagem e passou a amá-la com algo mais que amor próprio.

2 comentários:

Ana Joenck disse...

Ótimo, ótimo! cacks vc escreve muiiito bem :D

Carolina Pires disse...

nossa, maravilhoso. calasses-me agora.

;*