30 de agosto de 2008

aquele gato deitado no sol, esticado, deliciosamente retorcido parecia
morto. Mas pra falar bem a verdade e acabar com essa merda toda, ele deve estar
mais vivo do que eu. Das minhas 7 vidas acho que já usei umas 10.
saldo negativo
é normal no mundo humano. você me deve também.

28 de agosto de 2008

um quarto à meia luz

tinha algo estranho pairando no ar naquela tarde, cara. um dia cinzento como qualquer outro dia nublado e as duas encolhidas jogadas pelos cantos daquele quarto. palavras vazias voavam de uma à outra causando-lhes espasmos. escondiam seus corpos maculados debaixo de fantasias transparentes. sabiam de tudo e não queriam saber de nada. a atmosfera cinzenta alternava solidez e ausência. solidez e ausência. elas estavam enlouquecendo. o silêncio instalou-se no quarto e por lá permaneceu uns quinze minutos, sentiram décadas se arrastando a passar, depravando suas mentes castas. queria urrar. quebrar aquele muro de vidro que as separava. a outra foi mais rápida: desista, baby, a porra desse amor lésbico vai devorar nossas entranhas. a partir de então não via mais uma carne branca desconhecida desmaiada numa aresta qualquer daquelas paredes. ela era a sua imagem e passou a amá-la com algo mais que amor próprio.

27 de agosto de 2008

troco-te, solitude.

ela não me queria mais.
preferiu um baby boy que
trocou-a por uma
garrafa de
cerveja e un cigarette.
rejeitada ligou-me carente e eu
disse:
-Não. não te quero mais, tua
madrugada já passou.
então ela
me cortou seca:
-Esse romance lésbico não
passou de uma foda
noturna
que esvaiu-se, liquido pegajoso,
por entre nossas pernas.

26 de agosto de 2008

malditas sejam

púdicas calcinhas roçam-me os pés
beijam-me os pêlos
negam aos meus apelos.
brancas,
sujam meus desejos
manchá-las queria
com o sangue de seus anseios.
líquido na carne casta
não mais intocada caverna nefasta
causas de meu jorrar pelas madrugadas;
malditas calcinhas avermelhadas.