13 de novembro de 2009

Re-visto-me

Tirou-me a inocência, arrancou-me a dignidade e me fez sangrar.
Maldito libido púdico, fez-me tirar as vestes depois de alguns goles, ouvir sussurros eloqüentes e envolver-me em teu corpo quente.
Os sentimentos já haviam sido esquecidos àquela hora, somente os desejos da carne importavam.
Amor? Afeto? Nada disso fazia sentido. A verdade é que queríamos ter a noite mais prazerosa da nossa juventude e nada mais importava.
Olhei pela janela e já era hora. A madrugada já estava desfeita e vi teu corpo lívido perdido entre os cobertores e lençóis amarrotados, sua respiração estava relaxada. Parecia até inocente, não perverso como esteve nas últimas quatro horas. Não havia mais respirações ofegantes misturadas com gemidos oprimidos.
Fitei-o mais uma vez. A última.
Pintei os olhos cansados com cajal preto e a boca em tom provocante, penteei os cabelos desgrenhados com os dedos e acendi um cigarro.
Eu poderia ficar ali pelo resto da vida, se quisesse... Mas juntei meu orgulho e fechei a porta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Até dificil tecer algum comentário a respeito. Só posso analisá-lo pela riqueza do vocabulário...Você brilhou de novo..parabéns